domingo, 9 de novembro de 2014


Você se atira ao mundo das migalhas como se comer de partes em partes pudesse te alimentar. Desconsidera o bolor que vai tomando conta do pão, o desinteresse de quem alimenta e só o faz pra mantê-lo vivo e vai se esquecendo cada vez mais de você, mesmo enquanto é claramente débil o seu estado físico e emocional. A mendicância de amor já é o seu estado natural: Largado numa rua, coberto por trapos sentimentais que são tão frágeis quanto o amor que recebe. E o pior é que a condição é totalmente voluntária.
Então porque você (e muita gente) ainda se sujeita a isso? Porque se esquece que "a gente aceita o amor que acha que merece", como já bem dizia o menino Charlie.
Seria pretensioso demais da minha parte querer definir umas boas regras ou elaborar a construção do funcionamento do amor, é um sistema de trocas voluntárias. Ninguém ama sozinho, ninguém é amado sozinho. A falta de reciprocidade, pra mim, sempre configurou qualquer tipo de relação, menos a que a gente chama de amor. Amor é a construção, e ainda tem gente que se contenta com uns tijolinhos esquecidos na calçada pra montar um barraco e achar que esta protegido. Engano nosso. Ao primeiro sinal de tempestade a casa cai.
Aqui a gente dispensa os livros de autoajuda e a explicação psicológica do fenômeno, mas tudo se resume em: Poxa, porque você não olha no espelho e percebe que você é um ser humano que tem as suas qualidades e os seus defeitos e que ninguém, eu disse, NINGUÉM, pode te desmerecer por isso?
Você não precisa mudar seus modos, se matar numa academia, alterar e condicionar seu padrão de vida por causa de uma única pessoa que nem gosta de você. E aqui a gente encontra muitas vertentes da mendicância amorosa: Tem amiga do "Eu não vou achar coisa melhor", tem amigo do "Ela é demais para mim e eu não tenho que justificar o porquê dela estar comigo", aquela prima do "Eu preciso de companhia para ser feliz" e por ai vai.
Não vejo sentindo em correr atrás de alguém e insistir em estar com uma pessoa que claramente não se encantou por você. Tudo bem, existe a premissa da conquista e tudo mais. Mas se você já tentou isso, qual é o sentido de sofrer por rejeição?
O mundo tem 8 bilhões de pessoas e uns quebrados por aí. Não é possível que a pessoa da sua vida seja justamente quem não quer nada com você.
Por isso, peço à "Geração da Falta de Amor Próprio" que entenda alguns pontos. Não vale a pena implorar pelo amor de alguém se esse amor não é seu. Não é e pronto! Nada que você faça vai fazer com que seja. Viver de migalhas é uma condição sub-humana de vida. Mendigos não seriam mendigos se eles pudessem. Tente pensar dessa forma. Gostar da própria companhia e encontrar valor nela, não precisa ser aquele clichê eterno de nunca dar o braço a torcer e dizer que ama a solterice e espelhar isso pelas redes sociais.
Você pode admitir que está carente, que sente falta de alguém, que seria legal ter alguém do lado, mas nunca é bom fazer de alguém o seu porto seguro. "Nenhuma pessoa é lugar de repouso". Você sempre vai precisar mais de você para ser feliz do que de qualquer outro ser humano que encontre por aí.
Dito isso, considere celebrar a sua alegria consigo mesmo. Vale a pena brindar sozinho e beber uma boa taça de vinho, mas inteira, cheia até a borda. Você vai acabar entendendo a diferença entre amor de verdade e uma ideia de amor servido em conta-gotas.

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