sábado, 10 de outubro de 2015


Não quero um amor para, finalmente, conseguir mudar o meu status de relacionamento do Facebook. Aliás, se quer mesmo saber, prefiro alguém que não esteja nem aí para uma exposição desnecessária dessas. Quero alguém que se contente, sem bater os pés, com um sincero e respeitoso pacto privado, selado à base de cafunés ilimitados, beijos que miram a pontinha do nariz e noites inteiras sem qualquer necessidade de meias-verdades.
Não quero um amor do tipo que, no Instagram e somente graças a filtros mágicos, à plateia – e só a ela – pareça quente. Exijo um amor fervente de verdade, à minha alma – e não à alma dos que insistem em tentar cuidar da minha -, aos meus pés de iceberg, à minha pele que vive com saudade de arrepiar e, principalmente, ao meu coração que anda achando tudo gelado à beça.
Não quero um amor apenas para dar um stop nas perguntas idiotas que me fazem em jantares de família. Quero um amor que, sem pudores e ao pé do meu ouvido, não hesitará em fazer afirmações capazes de bambear as minhas pernas, enquanto os fofoqueiros, todos eles, certamente estarão demasiadamente ocupados falando mal da vida alheia – e da minha.
Não quero um amor desses que acham que o amor, para ser inteiro, precisa de aliança dourada, véu e grinalda. Quero um amor que me faça querer dizer “sim!” todos os dias e que motive o brilho dos meus olhos mesmo quando estiver chovendo canivetes, e não arroz. Quero um amor que me peça em casamento sempre que meus dentes estiverem sujos de Nutella. Quero um amor que nem pense em pedir o divórcio quando o furacão “El Chico”, abruptamente, tomar conta de mim. Quero um amor que passe mel em todas as minhas luas. E também sobre o meu corpo; por que não?
Não quero um amor que me dê motivos para abrir mão da minha saúde ou que me tire, completamente, a vontade de soltar o cabelo. Quero um amor que me encha de razões para passar batom vermelho, usar vestido curtinho e me cuidar, como nunca me cuidei antes. Quero um amor que me faça querer viver, o máximo possível, para amá-lo – amando-me também – até onde o meu fôlego permitir.
Não quero um amor para me servir de par apenas nas alegrias e em noites nas quais os champanhes fazem trovejar. Quero um amor que, sem soltar a minha cintura, não me deixará desistir da dança; e da vida. Quero um amor que saiba ser a segunda voz quando eu quiser cantar, mas que, quando perceber que estou prestes a desafinar, consiga me calar com uma música que me faça ter ataque de riso. E de alegria.
Não quero um amor para não ser vista como vela em programa de casal, Campos do Jordão ou foto de barzinho. Quero um amor que seja a vela do meu barco e, se possível, que me atire a ventos certos quando eu ameaçar rumar em direção a assustadoras tempestades.
Não quero um amor com motor 2.0, cobertura no Leblon e fazenda cheia de soja. O que quero, apenas, é um amor capaz de me fazer sorrir, aliviada, quando eu finalmente perceber que esse monte de coisas caras e materiais, quando comparadas ao valor do amor e à vontade de enriquecê-lo com boas memórias, não têm valor algum.
Não quero um amor meia-boca nem meio-coração. Quero um amor que me faça, sem pensar meia vez, doar a minha boca inteira. E o meu sangue, caso o coração do meu amor precise dele para continuar batendo. E me amando. E batendo. E me amando…