segunda-feira, 24 de setembro de 2012



É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado. 
É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba, quando não acredita em mais nada. Entende tudo errado, paralisa, se vitimiza, perde o charme, o prazo, a identidade, a coerência, o rebolado. 
Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. 
Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora, quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. 
Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz de conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. 
Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. 
Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. 
Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.” 






(Ana Jácomo.)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012


Clara e salgada
Cabe em um olho e pesa uma tonelada
Tem sabor de mar, é discreta, inquilina da cor, morada predileta.
Na calada ela vem, refém da vingança, irmã do desespero, rival da esperança.
Pode ser causada por vermes e mundanos.
E o espinho da flor, por querer, sem me perguntar, me fazer sofrer...
Logo eu que me julguei forte, eu que me senti... Serei um fraco quando outras delas vir.
Deixa eu caminhar contra o vento... Do que adianta ser durão e ter o coração vulnerável??
O Vento não, ele é suave, mas é frio e implacável...

Lágrimas....

sábado, 8 de setembro de 2012


Teu olhar me mata...
Me deixa em pedaços, tão difícil de reorganizar...
Me atordoa, me desmancha...
Ao teu olhar me torno alvo fácil, fico sem reação, ainda mais quando me olhas assim tão de perto, estremesse meu corpo, chego quase a sufocar...
É atraente feito imã, hipnotiza e me consome em um piscar.